Médico Explica a Relação Entre o Calor e o Aumento de Casos de AVC
Com a chegada do verão, os casos de acidente vascular cerebral (AVC) podem se intensificar. Essa é a avaliação do neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema, no Rio de Janeiro. Segundo o especialista, a alta temperatura pode causar uma série de fatores que aumentam a predisposição ao AVC.
Um dos principais riscos associados ao calor é a desidratação das células, que resulta no aumento da viscosidade do sangue. “A desidratação favorece a coagulação, o que, por sua vez, potencializa o risco de AVC, já que essa condição está diretamente ligada à formação de coágulos”, explica Maia.
Tipos de AVC e Seus Fatores Contribuintes
Existem dois tipos de AVC: o hemorrágico, que ocorre quando um vaso cerebral se rompe, e o isquêmico, que representa a maioria dos casos (cerca de 80%) e é causado por um coágulo que entope um vaso sanguíneo. Com o sangue se tornando mais espesso devido à desidratação, a trombose, que é a formação de um coágulo, se torna mais provável. Isso aumenta a suscetibilidade ao AVC.
Além do calor, Maia destaca que a pressão arterial também pode ser afetada nesta época. “No verão, pela vasodilatação em resposta ao calor, nossa pressão tende a diminuir. Essa dilatação dos vasos sanguíneos pode favorecer a formação de coágulos, além de gerar arritmias, que são batimentos cardíacos irregulares”, comenta o médico.
Comportamentos de Verão e Aumento de Riscos
Outro aspecto a ser considerado são os hábitos que mudam durante as férias. O aumento no consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode levar a uma maior desidratação e, consequentemente, a um aumento do risco de AVC. Maia também ressalta que a ingestão de álcool pode ser um gatilho para arritmias.
O neurocirurgião enfatiza que a negligência em relação à medicação durante o verão, devido ao relaxamento das férias, pode agravar ainda mais a situação, elevando o risco de um AVC.
Doenças Comuns no Verão
As doenças associadas ao calor, como gastroenterites e insolação, também contribuem para o aumento do risco de AVC. “Essas condições, somadas ao esforço físico excessivo, criam um ambiente propício para o surgimento de um AVC”, destaca.
O tabagismo, um dos maiores fatores externos para o AVC, também merece atenção. A nicotina presente no cigarro compromete a elasticidade dos vasos sanguíneos, favorecendo a formação de aneurismas e aumentando o risco tanto do AVC hemorrágico quanto do isquêmico.
Prevenção e Importância do Tratamento Rápido
Durante o verão, o Hospital Quali Ipanema registra cerca de 30 casos de AVC por mês, o que dobrou se comparado a períodos mais frios. “O AVC é um problema de saúde comum e uma a cada seis pessoas terá um AVC ao longo da vida. É crucial que as pessoas estejam cientes dos riscos e da história familiar”, alerta Maia.
O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade globalmente. “É uma doença que pode gerar dependência severa. Muitas vezes, as famílias precisam se dedicar ao cuidado de um paciente com sequelas permanentes”, enfatiza o neurocirurgião.
Felizmente, a prevenção é possível. Adotar um estilo de vida saudável, praticar exercícios regularmente, seguir uma dieta equilibrada, controlar a pressão arterial e não fumar são medidas eficazes para reduzir o risco de AVC. O tratamento também evoluiu, oferecendo opções como a administração de medicamentos para dissolver coágulos rapidamente ou procedimentos cirúrgicos que removem obstruções.
Identificando os Sintomas do AVC
Os sinais de um AVC podem incluir paralisia súbita de um lado do corpo, dificuldade para falar, perda de visão de um dos lados ou tontura intensa. “Esses sintomas podem surgir de forma abrupta. Em caso de suspeita, a pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital, pois o tratamento precoce é fundamental”, conclui Orlando Maia.

