Aumento do Risco Cardiovascular em Jovens
Recentes dados alarmantes apontam que 26,9% dos jovens apresentam pressão arterial elevada e 21,6% têm colesterol em níveis limítrofes, frequentemente sem diagnóstico. O cardiologista Aloisio Barbosa da Silva destaca que quase um em cada quatro jovens já mostra sinais de alterações na pressão ou colesterol antes dos 40 anos. Segundo ele, esses números estão intimamente ligados a hábitos não saudáveis que podem levar à disfunção metabólica.
A professora de cardiologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Sarah Fagundes Grobe, membro do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), reforça que o aumento do risco cardiovascular se estende a jovens de 20 a 30 anos, independentemente do sexo. “Historicamente, pensava-se que infartos e hipertensão eram problemas de pessoas mais velhas. No entanto, essa concepção já não se aplica, tanto no Brasil quanto globalmente”, explica.
Fatores de Risco Específicos entre Gêneros
A cardiologista detalha que as mulheres são afetadas por certos fatores de risco que podem intensificar o risco cardiovascular de forma precoce, como complicações durante a gestação, incluindo eclâmpsia e diabetes gestacional. Essas condições, além da menopausa precoce e doenças autoimunes, antecipam o surgimento de problemas cardíacos. “É evidente que esses fatores contribuem para a ocorrência de problemas cardiovasculares mais precocemente nas mulheres”, observa Sarah.
Nos homens, o cenário é igualmente preocupante. Sarah aponta que muitos pacientes apresentam um estilo de vida sedentário, têm dietas ricas em alimentos ultraprocessados e enfrentam longas jornadas de trabalho. O uso de estimulantes para manter a energia, abuso de álcool e privação de sono, além do consumo de esteroides, também são comuns. “Um estudo recente indica uma forte relação entre o uso de anabolizantes e o aparecimento de doenças cardiovasculares”, adverte.
Esses comportamentos criam um ambiente propício para um coração envelhecer mais rapidamente do que a idade cronológica do indivíduo. “É como se estivéssemos antecipando a manifestação de doenças cardiovasculares”, observa a especialista.
A Importância da Prevenção
O cardiologista Aloisio Barbosa da Silva enfatiza que a consulta regular ao médico é essencial para iniciar um check-up, especialmente a partir dos 20 anos. “Estamos observando cada vez mais casos de obesidade começando na adolescência, quando antes isso era mais comum na fase adulta”, destaca.
Ele menciona que, no passado, o risco de infarto era considerado significativo apenas a partir dos 35 anos. Hoje, casos de desenvolvimento precoce de doenças coronarianas estão sendo relatados em jovens de 25 e 30 anos. “A prevenção deve ser a nossa principal estratégia”, ressalta.
Entre as recomendações, o especialista sugere a adoção de uma alimentação balanceada, rica em alimentos naturais e verduras, a prática regular de exercícios físicos, a abstenção do tabagismo e o controle do consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, dormir adequadamente e manter um peso saudável são fundamentais para reduzir os riscos cardiovasculares.
Importância da Avaliação Clínica
Sarah Grobe complementa que, enquanto as mulheres costumam ter mais hábitos de prevenção em saúde, os homens ainda apresentam resistência em buscar consultas médicas. “Uma avaliação clínica é fundamental para a detecção precoce de doenças. Medir a pressão arterial e realizar exames laboratoriais para verificar os níveis de colesterol são etapas essenciais.” Ela também menciona a importância de avaliar a Lipoproteína (LPA), um marcador genético de risco para doenças cardíacas, que requer um teste sanguíneo específico.
Esse exame fornece informações sobre o colesterol de origem genética. “Essas ações ajudam a antecipar riscos ao longo da vida e possibilitam a adoção de um estilo de vida que protege o paciente da doença cardiovascular”, enfatiza. O acompanhamento médico regular pode, com certeza, alterar o desfecho cardiovascular de um paciente.
Estudos internacionais, como um realizado na Espanha, revelam que cerca de 18% dos jovens adultos sofrem de pré-diabetes, hipertensão ou dislipidemia. Quase metade deles está acima do peso ou é fisicamente inativa. O cardiologista Aloisio reforça que o uso de energéticos, pré-treinos e cigarros eletrônicos contribui para a inflamação vascular, aumento da pressão arterial e risco de arritmias.

