Restauração do Armazém André Rebouças
Na última terça-feira, 16 de outubro, o governo federal promoveu uma cerimônia em comemoração à assinatura do termo que destina R$ 86,2 milhões para a restauração e requalificação do Armazém das Docas André Rebouças. Localizado em frente ao Cais do Valongo, na Pequena África, no centro do Rio de Janeiro, o espaço homenageia o engenheiro negro e abolicionista André Rebouças, responsável pelo projeto original do edifício.
A requalificação do armazém transformará o local em um dos maiores centros da América Latina dedicados à valorização da memória da população negra. O espaço não apenas irá abrigar o Centro de Interpretação do Patrimônio Mundial do Cais do Valongo, mas também será um ponto focal para ações que buscam fortalecer a cultura afro-brasileira e preservar a rica memória histórica relacionada a esse patrimônio.
O Termo de Execução Descentralizada foi assinado em conjunto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pela Fundação Cultural Palmares (FCP), pelo Ministério da Cultura (MinC) e pelo Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), que é vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
A cerimônia reuniu diversas personalidades, incluindo a ministra da Cultura, Margareth Menezes; o presidente do Iphan, Leandro Grass; o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues; e o diretor de Projetos do FDD, Tiago Nicácio. Também estiveram presentes representantes de instituições ligadas à Pequena África e integrantes do Comitê Gestor do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo.
No último mês de setembro, o armazém recebeu oficialmente o nome de André Rebouças, prestando homenagem ao engenheiro que projetou o edifício. Durante a cerimônia, a ministra Margareth Menezes enfatizou a importância histórica do local, que se destaca como um marco da engenharia brasileira e símbolo da resistência negra no século 19.
“Sempre que venho aqui, fico impressionada com a grandiosidade dessa obra, que foi realizada muitos anos atrás e sem o uso de mão de obra escravizada. Esta foi uma iniciativa pioneira de enfrentamento ao racismo. Isso nos lembra que esse combate é um exercício diário, que deve ser praticado incessantemente”, declarou a ministra em nota à imprensa.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, também comentou sobre a relevância do projeto de restauração, afirmando que ele amplia o reconhecimento da herança africana e do território da Pequena África. “Homens e mulheres podem morrer, mas as ideias sobrevivem. E as ideias de André Rebouças continuam vivas por meio do apoio a esta iniciativa. Precisamos realizar uma grande reparação, que esteja à altura da contribuição dos africanos que chegaram ao Rio de Janeiro”, ressalta Rodrigues.
Para encerrar a cerimônia, um cortejo conduzido pelo Afoxé Filhos de Gandhi encerrou o evento, celebrando a cultura afro-brasileira. Com a formalização do termo, está previsto que o espaço abra suas portas ao público em até 36 meses após o início das obras, que deverão ser iniciadas até o final do segundo semestre de 2026.

