O Seminário de Diversidade Cultural e Tecnologias
No último dia 21 de outubro, o Ministério da Cultura, representado pelas secretárias Cláudia Leitão e Márcia Rollemberg, participou do seminário intitulado “Diversidade Cultural e Tecnologias: A Economia Criativa em Foco”, realizado em São Paulo. Este evento foi promovido pelo Museu da Bolsa do Brasil (MUB3), em conjunto com o Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia da USP. A ocasião foi marcada pela celebração dos 20 anos da Convenção da UNESCO voltada à proteção e promoção da diversidade das expressões culturais.
O seminário reuniu gestores públicos da cultura, profissionais criativos, pesquisadores e representantes de diversas áreas culturais, todos com o objetivo de discutir os caminhos da economia criativa, o impacto das novas tecnologias e a relevância da indústria cultural para o desenvolvimento do Brasil.
Políticas Públicas para a Cultura
Durante a abertura do evento, os participantes debateram as políticas públicas que envolvem a cultura e a economia criativa em diferentes esferas, incluindo as esferas federal, estadual e municipal. A troca de ideias entre os diversos governos foi considerada fundamental para o fortalecimento da diversidade cultural no país, apontando um caminho promissor para futuras colaborações.
Ao longo do dia, mesas redondas e discussões abordaram os desafios e as oportunidades ligadas à diversidade cultural em um cenário de transformação tecnológica. O principal foco foi demonstrar como a economia criativa pode se tornar um motor para a geração de renda, inclusão social e sustentabilidade.
A Cultura Como Ativo Estratégico
A secretária Cláudia Leitão enfatizou que a cultura se consolidou como um ativo essencial para o desenvolvimento sustentável no Brasil. Em suas palavras, “a cultura deixa de ser vista apenas como arte ou patrimônio. Ela se torna parte integrante do desenvolvimento local e regional. Não podemos replicar, na economia criativa, as desigualdades presentes em outros setores. É o momento de adotarmos uma abordagem inovadora, de sermos um Brasil verdadeiramente criativo.”
Ela também anunciou a iminente implementação da Política Nacional de Economia Criativa – Brasil Criativo, planejada para ser lançada ainda este ano. Essa iniciativa faz parte de um esforço mais amplo de reestruturação das políticas culturais, que inclui o Plano Nacional de Cultura e a reorganização do Ministério da Cultura. O objetivo é promover o engajamento de estados, municípios e trabalhadores criativos em todo o território nacional.
“O Brasil tem potencial para se tornar líder na economia criativa no Sul Global. Somos um país diversificado, repleto de jovens criativos que atuam em áreas como periferias, zonas rurais, quilombos e aldeias. Muitos já se sustentam através da economia criativa, mesmo sem ter consciência disso”, acrescentou Cláudia.
A Importância do Acesso à Cultura
Marília Marton, secretária da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, ressaltou a importância de ampliar o acesso da população à cultura. “O desafio é garantir que todos tenham a oportunidade de conhecer, participar e consumir produtos culturais. A cultura deve ser um componente do cotidiano das pessoas. A economia criativa é um espaço profissional indispensável do século XXI. E, ao falarmos de tecnologia, é na cultura que encontramos o verdadeiro sentido humano”, argumentou.
Cultura Viva e Inclusão Social
Márcia Rollemberg participou da mesa que discutiu o apoio à cultura no Brasil, analisando como mecanismos de incentivo público e privado podem se alinhar com a implementação da Convenção da UNESCO de 2005. Ela destacou iniciativas do Ministério da Cultura, como a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que tem se dedicado a reconhecer e valorizar grupos culturais de base comunitária ao longo de mais de 20 anos. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 10 mil Pontos e Pontões de Cultura certificados em diversas regiões, servindo como modelo inspirador para outros países, especialmente na América Latina, que fazem parte do programa de cooperação IberCultura Viva.
De acordo com Márcia, a PNCV reflete diversos aspectos da Convenção, favorecendo parcerias entre o setor público e a comunidade, além de promover a participação social em todos os níveis de gestão da política cultural. “A Cultura Viva é uma forma de reconhecer o que as comunidades realizam e comunicar a elas que isso possui valor, seja ele educativo, cultural, identitário ou de pertencimento. Essa iniciativa é uma manifestação de economia solidária, circular e, frequentemente, sustentável. É um verdadeiro esforço de colaboração entre o público e a comunidade, onde quem faz a cultura é a sociedade, e o Estado deve apoiar esse processo para garantir que todos tenham acesso”, elucidou Márcia.
Ao final, a secretária enfatizou a importância de assegurar que a população conheça seus direitos culturais, mencionando documentos como a própria Convenção da UNESCO. “Estamos trabalhando em parceria com a UNESCO e a Universidade Federal do Rio de Janeiro para traduzir esses documentos em uma linguagem acessível, além de construir uma Carta de Direitos Culturais, visando ampliar o entendimento da sociedade sobre seus direitos no campo cultural”, concluiu.