Divergências entre as Famílias
No dia 4 de setembro, um incidente na Escola Municipal Professor Edilson Duarte, localizada no bairro Jardim Caiçara, em Cabo Frio, gerou uma grande controvérsia entre as famílias dos alunos envolvidos. Enquanto a mãe da aluna agredida alega que sua filha foi brutalmente atacada por um colega, os parentes do adolescente afirmam que ele apenas tentou evitar a briga e foi agredido assim que saiu do banheiro da escola.
A narrativa da mãe da aluna destaca que a filha teria feito um desenho de um personagem de anime. Segundo ela, o colega apagou o desenho e, em seguida, alegou para outra estudante que a menina estaria armada com uma navalha e teria intenção de cortá-la. “Ele queria causar uma briga entre duas meninas. Minha filha foi até ele para entender por que ele inventou essa história”, explicou.
Conforme a mãe, a jovem nunca teve qualquer amizade ou desavença com o menino antes do incidente. “Eles nunca trocaram palavras, mesmo sendo da mesma turma”, asseverou. Durante a discussão, a aluna desferiu um soco no colega, que, segundo o relato da mãe, respondeu puxando a adolescente pelos cabelos e a derrubando no chão, continuando a agredi-la.
O ponto mais alarmante, conforme a mãe, ocorreu quando a filha, já no chão, foi pisoteada no rosto. “Claro que nada justifica o soco que ela deu. Porém, pisar na cara de alguém que já está no chão é uma lesão intencional. Ele quis machucá-la”, declarou a mãe, visivelmente indignada.
A mulher também criticou os argumentos apresentados pela família do garoto, que alegou que o jovem possui um histórico de tratamento psicológico e faz uso de medicamentos controlados. Para ela, isso não diminui a responsabilidade do agressor. “A preocupação é com o futuro. O que vai acontecer quando essa agressão se repetir? Ele pode fazer algo muito pior”, expressou, evidenciando sua apreensão.
A Polícia Civil, através da 126ª Delegacia, apreendeu o adolescente em cumprimento a um convênio com a Prefeitura de Cabo Frio. A vítima foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi confirmado que apresentava lesões.
Um segundo vídeo, que surgiu após o incidente, mostra a adolescente com um objeto em mãos momentos antes da briga, com testemunhas dizendo que poderia ser um canivete. Entretanto, a mãe da garota nega que ela estivesse portando qualquer tipo de arma cortante. “Não estou tentando defender a atitude da minha filha, mas o que aconteceu precisa ser investigado de forma justa”, acrescentou.
Resposta da Família do Adolescente
Por outro lado, a família do adolescente tem uma versão distinta dos fatos. Eles afirmam que o jovem estava apenas tentando evitar a confusão e que foi atacado assim que saiu do banheiro. “Ele estava trancado no banheiro e, quando uma funcionária da escola o chamou para sair, ele avisou que a menina estava ameaçando agredi-lo. Assim que ele saiu, ela partiu para cima dele”, afirmaram os familiares.
A família acrescentou que o vídeo amplamente divulgado mostra apenas uma parte da situação e não revela como a briga começou. “Só vi a parte editada, onde ele aparece chutando. A verdade está no vídeo completo”, reforçou um dos parentes.
Além disso, os responsáveis pelo adolescente afirmam que ele não tinha intenção de provocar a briga e que, nas imagens completas, é possível vê-lo se esquivando antes de revidar. “Ele só se defendeu. A menina foi para cima dele”, enfatizaram.
Após a briga, o adolescente deixou a escola e se dirigiu a um abrigo para pedir ajuda. “Ele foi direto ao abrigo, não fugiu. Foi o abrigo que entrou em contato conosco”, explicaram. O abrigo teria acionado o CAPSi para o acompanhamento do caso.
Sobre a colega, a família mencionou que houve ameaças e que outros alunos comentaram sobre ela estar com um objeto cortante. “Ela chegou a dizer que iria matá-lo. É uma situação de adolescente, mas muitos alunos comentaram que ela estava com um canivete”, acrescentaram.
Ao falar sobre a saúde mental do adolescente, a família nega que ele tenha qualquer tipo de transtorno, afirmando que ele apenas faz uso de remédios para ansiedade. No entanto, eles reconhecem que o jovem errou ao agredir a menina. “Ele não deveria ter chutado. Não se deve agredir ninguém”, concluíram.
Atualmente, o adolescente permanece apreendido e será ouvido pelo Ministério Público, conforme as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).