Reajuste e Contexto Atual
A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou um reajuste salarial de 4,71% para os servidores municipais, que será implementado na folha de pagamento de janeiro, com depósito previsto apenas para fevereiro. Essa decisão, embora positiva em um primeiro momento, ocorre após um longo período sem aumentos significativos, já que o último reajuste, de 5,26%, referente à inflação acumulada em 2023, foi realizado apenas em abril de 2024. Assim, os servidores permanecem quase dois anos sem um reajuste que reflita adequadamente o custo de vida.
Durante sua campanha eleitoral em 2020, o prefeito Eduardo Paes havia se comprometido a retomar o reajuste anual para os funcionários públicos. Entretanto, com este novo índice de 4,71% sendo aplicado somente em 2026, os servidores viverão todo o ano de 2025 sem qualquer aumento salarial.
Estudos Revelam Necessidades Abertas
Um estudo do Sepe-DIEESE revela que o percentual necessário para que os salários dos profissionais da educação municipal voltem ao mesmo poder de compra de março de 2019 é de 29,44% considerando o INPC-IBGE e 29,49% segundo o IPCA-IBGE. Esses dados evidenciam que o reajuste atual é significativamente inferior ao que seria necessário para a recuperação do poder aquisitivo perdido ao longo dos anos.
O estudo do Sepe-DIEESE também fez uma análise comparativa sobre a aquisição de cestas básicas por professores da rede municipal. Em março de 2019, um Professor I com 16 horas de carga horária conseguia comprar 4,60 cestas básicas com seu salário. Em contraste, atualmente, essa mesma categoria profissional consegue adquirir apenas 3 cestas. Essa discrepância é um indicativo claro do quanto os salários não acompanharam as necessidades básicas dos docentes.
Vale-alimentação e Arrocho Salarial
Ainda mais preocupante é o fato de que o vale-alimentação, que permanece no mesmo valor irrisório de R$ 12 há mais de uma década, não foi reajustado. Essa inação por parte da Prefeitura reflete, em última análise, um arrocho salarial persistente que afeta diretamente a qualidade de vida dos servidores.
Com o reajuste modesto, o prefeito parece confirmar o endurecimento de políticas salariais em relação aos servidores municipais do Rio, que já enfrentam desafios imensos no ambiente de trabalho. Em outubro, o Sepe lançou uma campanha publicitária para reivindicar os direitos dos profissionais da educação cariocas, que, além do arrocho salarial, lidam com sobrecarga de trabalho e assédio moral.
Desafios na Educação Carioca
Esses fatores têm gerado um aumento nos afastamentos e pedidos de aposentadoria entre os educadores. A situação se agrava ainda mais pela falta de profissionais na área e pela implementação da “minutagem”, que alterou a contagem da carga horária dos professores, aprovada no final de 2024.
Diante desse cenário desafiador, o Sepe reivindica uma recomposição das perdas salariais da categoria, declarando abertamente a sua insatisfação com o reajuste considerado insuficiente. O sindicato reforça a importância de lutar contra o assédio e a carga excessiva de trabalho, além de defender a realização de concursos públicos e a oposição à privatização e terceirização nas escolas, que consomem recursos públicos essenciais.

