Ministra Cármen Lúcia Confirma Maioria para Condenação
A ministra Cármen Lúcia, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou nesta quinta-feira (11) a formação de uma maioria na Primeira Turma da Corte, decidindo pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus por organização criminosa. Essa decisão está relacionada à participação deles em um suposto plano de golpe visando reverter o resultado das eleições de 2022. Com o voto da ministra, o placar atual é de 3 a 1, restando apenas a manifestação de Cristiano Zanin, que, no entanto, não deve alterar o rumo do julgamento.
Após os cinco votos já contabilizados, a próxima etapa inclui a discussão sobre a dosimetria das penas, que levará em conta a gravidade da participação de cada réu nos atos ilícitos. Este é um passo crucial no processo, pois determinará as sanções que cada um enfrentará com base na sua contribuição para os crimes.
O Núcleo Criminoso e as Acusações
A condenação também abrange outros sete réus considerados parte essencial do núcleo da trama golpista. Entre eles estão figuras relevantes como Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. Outros envolvidos são Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa derrotada.
Mauro Cid, que firmou um acordo de colaboração premiada, poderá ver sua pena atenuada no cálculo final. O ministro da Justiça, Flávio Dino, já sinalizou que seu voto será favorável à aplicação de todos os benefícios decorrentes do acordo, argumentando que a delação foi eficaz e trouxe informações valiosas.
As Penalidades e Implicações Legais
Os réus, exceto Ramagem, enfrentam acusações de cinco crimes distintos. Dentre eles, destaca-se a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, com pena variando de 4 a 8 anos. A tentativa de golpe de Estado também representa uma acusação grave, com penalidades que podem alcançar até 12 anos. Além disso, a participação em organização criminosa armada pode resultar em penas que, com agravantes, podem chegar a 17 anos, considerando o uso de armas e a participação de agentes públicos.
Outros crimes imputados incluem dano qualificado, que prevê penas de seis meses a 3 anos, e deterioração de patrimônio tombado, com sanções que variam de um ano a 3 anos. É importante ressaltar que a parte da acusação envolvendo Ramagem foi suspensa pela Câmara dos Deputados. Até o término do seu mandato, ele não responderá pelos delitos de dano qualificado e deterioração de patrimônio, infrações ligadas aos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
A possibilidade de suspensão do andamento de processos contra parlamentares está prevista, mas se aplica apenas a crimes cometidos após a diplomação, o que ocorreu no caso de Ramagem em dezembro de 2022. Assim, o andamento dos processos pode ser afetado, mas as consequências das condenações em primeira instância continuam a se desenvolver em meio a um cenário político conturbado.