A Saúde como Ferramenta de Ressocialização
A saúde assume um papel vital no processo de ressocialização no sistema prisional do Acre, buscando equilibrar a privação de liberdade com o direito à dignidade. Dados de 2025 revelam que, entre janeiro e setembro, o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) registrou mais de 33 mil atendimentos nas unidades prisionais do estado, abrangendo consultas médicas, odontológicas, psicológicas, fisioterápicas, além de testes rápidos e campanhas de vacinação.
Gabriela Silveira, chefe da Divisão de Saúde do Iapen, destaca que esse avanço na saúde prisional tem sido possível graças a parcerias com as secretarias municipais e a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). “A saúde prisional, assim como outros direitos, é garantida mesmo durante o cumprimento da pena. Dentro do Iapen, temos divisões que asseguram educação, assistência, trabalho e saúde”, afirma.
Atualmente, quatro das cinco cidades do Acre que possuem unidades prisionais já contam com serviços de saúde municipalizados, um marco significativo, segundo Gabriela. “Conseguimos municipalizar a unidade com o maior número de internos, em Rio Branco, um fruto de um trabalho paciente ao longo dos anos. Em Cruzeiro do Sul, a assistência é totalmente garantida pela Sesacre, mas ainda estamos em avançando nessa parceria”, acrescenta.
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Atendimentos e Assistência em Saúde
O levantamento do Iapen indica que as consultas médicas foram as mais frequentes, totalizando mais de 6 mil atendimentos nos primeiros nove meses de 2025, abrangendo tanto homens quanto mulheres. Além desse dado, as atendimentos de enfermagem superaram 9,1 mil, enquanto os procedimentos técnicos atingiram 8,2 mil. Na área de saúde mental, 1,3 mil atendimentos psicológicos e psiquiátricos foram realizados, e os procedimentos odontológicos somaram 1,2 mil, englobando ações preventivas e consultas de rotina. A equipe de fisioterapia também se destacou, com mais de 250 atendimentos ao longo do ano.
O ano de 2025 também viu um total de 221 acompanhamentos na área nutricional, e foram aplicadas 2,4 mil vacinas contra covid-19 e influenza, além de 1,7 mil testes rápidos. A saúde prisional não se limita apenas a atendimentos rotineiros; ações específicas têm sido implementadas para garantir o bem-estar da população privada de liberdade. Por exemplo, um mutirão odontológico em Rio Branco registrou 860 atendimentos, oferecendo orientações sobre higiene bucal, enquanto uma campanha de rastreamento de tuberculose coletou 105 amostras para exames.
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Desafios e Impacto na Vida dos Detentos
Esses dados refletem a rotina dos profissionais que enfrentam constantemente os desafios e limitações do sistema prisional. O dentista Thiago Martins, com 15 anos de experiência no setor, ressalta que seu trabalho vai além da técnica, representando um verdadeiro exercício de humanidade. “O acesso à saúde é crucial, pois a população carcerária não tem fácil acesso a serviços básicos. Ter um dentista aqui é fundamental, especialmente em casos de urgência. Independentemente da situação, todos têm direito à saúde”, frisa.
Uma unidade prisional pode ser comparada a uma pequena cidade, onde áreas como saneamento, educação, segurança e trabalho são fundamentais para a reintegração dos internos. Para o dentista Martins, a saúde ocupa um lugar central nesse ecosistema. “Aliviar uma dor significa muito para mim. Depois de tantos anos, aprendi a olhar para essas pessoas como quem precisa de cuidado, e não apenas como infratores”, explica.
Depoimentos sobre a Assistência
Os internos também reconhecem o valor dessa rede de atendimento. I. M., um detento que passou por cirurgia durante o cumprimento da pena, expressou sua gratidão pelo cuidado recebido. “Estamos privados de liberdade, mas temos acompanhamento. Isso é um suporte importante. Aqui dentro, temos remédios e cuidados. Já ouvi dizer que há coisas que faltam lá fora. Minha experiência foi muito boa; não senti falta de nada relacionado à saúde”, compartilha.
Entre números, relatos e esperança, a saúde prisional no Acre demonstra que cuidar, mesmo em um ambiente de privação, é reafirmar direitos fundamentais. Gabriela Silveira reconhece os desafios, mas acredita na continuidade das parcerias e na sensibilização social. “O preso pode perder a liberdade, mas não deve perder o direito à saúde. Nossa missão é garantir que esse princípio constitucional seja respeitado, para que, ao serem libertados, retornem à sociedade em melhores condições do que entraram”, conclui.
