Os Riscos da Exposição Solar em Áreas Íntimas
Com a chegada do verão, é comum ver um aumento no número de pessoas aproveitando as praias e piscinas. Dentre elas, algumas celebridades optam por fazer topless, levantando a questão: é seguro tomar sol nessa região do corpo? Para esclarecer essa dúvida, o Gshow entrevistou a dermatologista Samara S. O. Kouzak, que é especialista em Dermatologia Clínica e Estética Avançada e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Segundo a médica, essa prática não é recomendada.
As áreas íntimas do corpo possuem uma pele significativamente mais fina e sensível em comparação com outras partes, o que as torna mais vulneráveis aos danos causados pela radiação ultravioleta. Samara alerta que a exposição direta do sol nessas áreas eleva o risco de queimaduras, manchas e até mesmo um aumento do risco de câncer de pele a longo prazo. “A radiação UV é considerada um carcinógeno de grupo 1 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), responsável pela maior parte dos cânceres em pessoas com pele clara”, explica.
A especialista destaca que a mucosa das regiões íntimas tem uma estrutura diferente, com menos camadas protetoras em comparação à pele em geral. Isso inclui áreas como a vulva, pênis e perineu, que, segundo ela, não foram projetadas para receber sol. “Portanto, essa prática de expor essas regiões sem proteção é amplamente desaconselhada na dermatologia”, afirma.
Protetor Solar: Necessidade e Limites
Outra dúvida frequente é sobre a utilização de protetores solares nessas áreas. Samara esclarece que, embora a recomendação da SBD seja não buscar bronzeamento em regiões íntimas ou expô-las ao sol sem proteção, se a pessoa optar por tomar sol dessa forma, o uso de protetor solar se torna indispensável. “Ele deve ser aplicado apenas na pele externa, e nunca em mucosas. O ideal é usar um protetor solar sem fragrância e hipoalergênico, com FPS de 30 ou mais”, orienta.
Entretanto, ela ressalta que o uso do protetor solar não deve ser visto como um visto para longas exposições ao sol. “A aplicação aumenta a quantidade de tempo que a pele pode tolerar a exposição ao sol sem queimar, mas isso não elimina o risco de danos. A melhor recomendação é evitar a exposição desprotegida”, enfatiza.
Riscos de Câncer de Pele: Homens vs. Mulheres
Sobre a questão de se há mais riscos para homens ou mulheres, a médica afirma que não há dados que comprovem um risco maior de câncer de pele relacionado à exposição das áreas íntimas de um gênero em relação ao outro. Contudo, estudos indicam que a exposição solar crônica pode aumentar o risco de câncer de pele não melanoma, como o carcinoma basocelular e espinocelular. Já a exposição intermitente, que resulta em queimaduras solares, pode aumentar o risco de melanoma em indivíduos predispostos.
Embora os dados mostrem uma mortalidade maior por câncer de pele em homens, isso pode estar ligado a hábitos de exposição ao sol e ao menor uso de protetores solares, mas não especificamente em relação à prática de topless nas áreas íntimas, destaca Samara.
Benefícios e Cuidados com a Exposição Solar
Enquanto a exposição solar em si pode ter algumas vantagens, como a produção de vitamina D, a especialista reforça que não é necessário expor a região íntima para alcançar esse benefício. “Expor pequenas áreas do corpo, como braços ou pernas, por alguns minutos em horários adequados, é suficiente para a produção necessária de vitamina D para a maioria das pessoas”, defende.
Embora a luz solar possa contribuir para a sensação de bem-estar e melhorar o humor, Samara alerta que não há necessidade de expor as regiões genitais. “Os riscos associados a essa prática superam os possíveis benefícios”, conclui.
Orientações para Exposição Segura
Para quem deseja tomar sol em topless, a dermatologista recomenda tomar precauções rigorosas. Primeiramente, é fundamental evitar a exposição durante os horários de pico da radiação UV, que geralmente ocorrem entre 10h e 16h. Mesmo usando protetor solar, a incidência de radiação é muito maior nesse período.
Outra dica é limitar o tempo de exposição das áreas íntimas a poucos minutos e, se a pessoa desejar ficar mais tempo ao sol, que cubra essas regiões após a breve exposição. Usar barreiras físicas, como toalhas ou biquínis, é essencial para proteção adicional.
Para quem decide mesmo assim expor essas áreas, a aplicação do protetor solar deve ser feita na pele externa, garantindo que o produto seja adequado para peles sensíveis e nunca aplicá-lo nas mucosas. “Indivíduos com histórico de câncer de pele ou lesões pré-cancerígenas devem evitar essa prática”, alerta a dermatologista, destacando a importância de estar atento a qualquer sinal de irritação na pele após a exposição solar.

