A Proposta de Isenção em Foco
Renan Calheiros, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, deixou claro que não há chance de o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda retornar à Câmara dos Deputados. “Não existe a menor possibilidade do projeto de isenção voltar para Câmara, onde serviu como instrumento de chantagem”, disse Calheiros em entrevista ao GLOBO.
O projeto, que recebeu aprovação unânime na Câmara em setembro, propõe um aumento na faixa de isenção de R$ 3.036 para R$ 5 mil mensais. Além disso, estabelece uma alíquota mínima para rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, que deverá aumentar progressivamente até atingir 10% para aqueles com rendimentos superiores a R$ 1,2 milhão por ano.
Essa proposta foi elaborada pelo governo como uma das principais bandeiras econômicas e eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prometendo beneficiar cerca de 11 milhões de contribuintes, com um custo estimado em R$ 30 bilhões anuais.
Expectativas de Apoio no Senado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo quanto ao apoio que o projeto deve receber no Senado, esperando uma aceitação tão grande quanto a que teve na Câmara. A proposta, que já passou pela relatoria do deputado Arthur Lira (PP-AL), agora está sob a supervisão de Calheiros.
Durante esta semana, a comissão liderada pelo senador realizará duas audiências públicas. Uma delas está prevista para contar com a presença da ministra do Planejamento, Simone Tebet, embora sua participação ainda não esteja confirmada.
A primeira audiência está agendada para esta terça-feira, onde serão discutidos os impactos da proposta na arrecadação de Estados e municípios, bem como as alternativas de compensação financeira que poderão ser adotadas pela União. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, também deverá estar presente.
Impacto nas Finanças Publicas
A questão da isenção do IR tem gerado debates acalorados, especialmente considerando que, ao longo dos últimos 16 anos, a classe média começou a arcar com uma carga maior de Imposto de Renda, enquanto as alíquotas para a alta renda diminuíram. Essa alteração no cenário tributário gera uma expectativa de que a nova proposta possa corrigir algumas injustiças históricas.
Como presidente da comissão, Renan Calheiros possui a prerrogativa de definir o ritmo da tramitação do projeto. Ele pretende apresentar seu parecer logo após as audiências, com a expectativa de que o voto do relator seja discutido na comissão na próxima semana. Isso pode abrir caminho para que o projeto seja analisado no plenário ainda em outubro.
Calheiros assegurou que quaisquer modificações que venham a ser feitas não prejudicarão a essência da proposta, evitando assim a necessidade de reenviá-la à Câmara dos Deputados. A tramitação continua com atenção voltada para o desfecho que poderá impactar diretamente a vida de milhões de contribuintes brasileiros.