A história da Emancipação de Volta Redonda
Volta Redonda, uma cidade que se destaca na história da industrialização brasileira, nasceu em meio à implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na década de 1940. Essa companhia foi crucial para o desenvolvimento da cidade, tornando-a um símbolo da industrialização do país, especialmente durante a Era Vargas, quando o Estado assumiu um papel ativo como investidor e empresário, conforme mencionado por Ianni em 1971.
Neste contexto, o governo federal adotou a estratégia de ‘company-town’ para organizar a estrutura urbana de Volta Redonda, um conceito que remete a cidades administradas por empresas, práticas comuns no início do século XX, visando otimizar a gestão industrial. Lima (2008) descreve esse arranjo como uma “minicidade” onde a companhia detinha o controle de moradias, comércio, escolas e áreas de lazer. Assis (2013) complementa definindo-a como uma comunidade predominantemente habitada por empregados de uma única empresa.
O planejamento da cidade foi realizado pelo renomado urbanista Atílio Corrêa Lima, que também assinou o projeto urbanístico de Goiânia. Influenciado pelo urbanismo francês, Corrêa buscou eliminar monumentalidades e priorizar um traçado simples e econômico. O projeto de Volta Redonda se inspirou na ‘cidade industrial’ de Tony Garnier, um arquiteto que visava um planejamento urbano funcional, onde cada área cumpriria uma função específica, como residências, comércio e lazer, conforme Assis (2013).
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Transformações Urbanas e Sociais
A presença da CSN moldou todos os aspectos da vida urbana em Volta Redonda. Fontes e Lamarão (2006) notaram que, ao contrário das cidades brasileiras que geralmente possuem uma praça central e uma igreja matriz, Volta Redonda foi marcada pela Usina da CSN, localizada em seu cerne. Apesar da ausência de templos religiosos no plano de Garnier, a influência da Igreja se manifestou na construção de um templo na Vila Santa Cecília, em uma área não central, evidenciando a relevância da Igreja na vida cívica da cidade.
Os polos urbano e industrial se interligavam, criando uma simbiose entre capital e trabalho, conforme Lopes (1993), que observou que a gestão do espaço urbano permitia que as ruas e casas funcionassem como extensões da fábrica. A segregação residencial refletia a hierarquia trabalhista da usina, com a ‘cidade nova’ gerenciada pela CSN projetada para acomodar o quadro técnico e administrativo da empresa até 1967. Lask (1991) descreveu essa urbanização como um ‘estado em miniatura’, dado o controle da CSN sobre a área e a implementação de um aparato repressivo.
Educação e Cultura em Volta Redonda
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A cidade não apenas se destacou pela indústria, mas também pelo papel que desempenhou na educação. A CSN estabeleceu a Escola Técnica da CSN em 1944, que se tornaria um importante centro de formação de mão de obra. Além disso, foram fundados outros colégios, como o Colégio Nossa Senhora do Rosário, em parceria com entidades religiosas, reforçando o elo entre a empresa e a Igreja.
Com o decorrer dos anos, Volta Redonda se transformou em um polo universitário, atraindo milhares de estudantes, com instituições como o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e o Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB-FERP), refletindo seu dinamismo na educação superior.
O que antes era uma cidade operária agora se moderniza, e a combinação de educação de qualidade e infraestrutura industrial robusta faz de Volta Redonda um exemplo de crescimento e adaptação. Nos últimos anos, o Espaço das Artes Zélia Arbex passou por revitalizações significativas, reafirmando o compromisso da cidade com a cultura e as artes ao mesmo tempo em que abriga um Museu da Ciência e Tecnologia que promete ser um marco na educação local.
O Futuro de Volta Redonda
Com um legado de 70 anos, Volta Redonda não apenas honra suas raízes industriais, mas também abraça um futuro promissor. A cidade continua a atrair novos investimentos, expandindo seu papel como um centro urbano dinâmico no interior do Rio de Janeiro. As perspectivas para o comércio e os serviços são otimistas, com o crescimento sendo sustentado por investimentos em infraestrutura e na educação, promovendo uma economia diversificada e vibrante.
A história de Volta Redonda é, sem dúvida, uma história de orgulho e superação, refletindo o espírito de sua população que continua a trabalhar por um futuro mais promissor.