A história da Emancipação de Volta Redonda
Volta Redonda, fundada em decorrência da instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) nos anos 40, se destacou como um ícone da industrialização no Brasil durante a Era Vargas. Com o Estado atuando como investidor e planejador, a cidade se tornou um exemplo do modelo de ‘company-town’, onde a empresa assume a gestão da área urbana para sustentar suas operações industriais. Essa abordagem, mencionada por Ianni em 1971, simboliza a implementação dos ideais dos protagonistas da Revolução de 1930.
O urbanismo de Volta Redonda é uma obra do renomado arquiteto Atílio Corrêa Lima, que desenhou a cidade com base na influência do urbanismo francês. A proposta incluiu áreas específicas para habitação, trabalho e lazer, refletindo o conceito de cidade industrial idealizado por Tony Garnier, como destaca Assis (2013). O governo brasileiro aspirava que Volta Redonda funcionasse como um modelo para as novas cidades urbanas que surgiam no país.
A CSN foi a força motriz que moldou a estrutura urbana e sociocultural de Volta Redonda, substituindo a tradicional praça e igreja matriz por sua usina central, conforme apontam Fontes e Lamarão (2006). Um templo foi erguido na Vila Santa Cecília, mas geograficamente afastado do centro, evidenciando a presença da Igreja na vida política, apesar da ausência de templos nas cidades planejadas por Garnier. A relação entre os polos urbano e industrial foi cuidadosamente orquestrada, visando uma nova interação entre capital e trabalho, estabelecendo um vínculo que elevava as condições de vida e trabalho da população local.
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O Legado da CSN e a Evolução da Cidade
Com a CSN controlando a administração urbana até 1967, a cidade passou por diversas fases. Na primeira, entre 1941 e 1954, a CSN consolidou a estrutura urbana. Na segunda, de 1954 a 1967, a emancipação fomentou a expansão da malha urbana. A partir de 1967, a empresa começou a transferir suas obrigações urbanas para a prefeitura, em um contexto de crise econômica e necessidade de contenção de gastos, conforme observado por Moreira (2000).
A companhia também teve um papel crucial no setor educacional, estabelecendo a Escola Técnica da CSN e outras instituições, todas voltadas para a formação de mão de obra qualificada para a indústria. Essa visão abrangeu a promoção do esporte, com a criação do RTGV e patrocínios a clubes locais.
A transferência da gestão urbana para a Prefeitura não apenas mudou a dinâmica local, mas também marcou o início de novas estratégias de desenvolvimento, buscando diversificar as fontes de emprego e fomentar o crescimento econômico da região. Nos últimos anos, a cidade tem se reinventado, priorizando o comércio e serviços como alavancas para a economia local.
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Volta Redonda Hoje: Um Polo Universitário
A cidade atualmente é um importante centro educacional, atraindo milhares de estudantes para suas instituições de ensino superior, como a UniFOA e o UGB. Este fluxo acadêmico gera um impacto significativo na economia local, impulsionando setores como alimentação e entretenimento, com investimentos constantes em tecnologia e inovação.
O recém-inaugurado Hospital da FOA se destaca como um exemplo de inovação, trazendo a primeira cirurgia robótica do SUS para a região e prometendo um atendimento humanizado a uma população estimada em 500 mil pessoas anualmente.
Celebrando 70 Anos de história
No dia 17 de julho de 2024, a cidade comemorará seu 70º aniversário com uma cerimônia cívica, onde autoridades locais hastearam as bandeiras nacional e municipal, celebrando seu legado de resiliência e desenvolvimento. Apesar das limitações impostas pela legislação eleitoral, a cidade se prepara para honrar suas raízes e olhar para o futuro com otimismo.
Assim, Volta Redonda se firma como um dos principais polos do Sul Fluminense, demonstrando que, ao longo de suas sete décadas, construiu não apenas uma identidade industrial, mas também um potencial educativo e cultural vibrante.