O Impacto da Intoxicação por Metanol no Lazer Carioca
Praia, samba e futebol compõem a receita do lazer carioca, atraindo tanto moradores quanto turistas. No entanto, atualmente, um tema preocupante paira sobre essa atmosfera descontraída: a suspeita de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas. Esse problema já resultou em seis mortes confirmadas em São Paulo e duas outras em investigação, em Pernambuco. Embora a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro não tenha registrado casos até o momento, o impacto no cotidiano dos cariocas já é perceptível.
Na tarde de ontem, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) do estado divulgou um alerta oriundo do serviço nacional, reforçando a necessidade de atenção à segurança das bebidas consumidas. Os órgãos públicos buscam monitorar a situação e acalmar a população, mas muitos cariocas começaram a adotar precauções individuais.
Guilherme Floriano da Penha, de 29 anos, morador de Petrópolis, decidiu levar duas garrafas de uísque e latas de cerveja para a Praia de Copacabana, assegurando que sabe a procedência do que consome: “Essas, pelo menos, eu sei de onde vieram”. Por outro lado, Santiago dos Santos, um autônomo de 25 anos e visitante de São Paulo, admitiu que a vontade de beber era maior que o medo de intoxicação, embora tenha ponderado que, em sua cidade natal, estaria mais cauteloso.
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Fonte: acreverdade.com.br
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Fonte: rjnoar.com.br
Queda nas Vendas de Bebidas
Enquanto isso, a movimentação nas areias da cidade reflete a preocupação. Maria Eduarda Santos, de 20 anos, que vende caipirinhas à beira-mar, relatou uma redução drástica na procura: “Antes, eu vendia pelo menos 20 doses por dia. Agora, não passo de dez”. A jovem, que adquire seus ingredientes em um depósito próximo à Central do Brasil, disse que a queda nas vendas a forçou a encontrar maneiras de lidar com a situação, inclusive conversando mais com as amigas enquanto esperam clientes.
Isabela Bernardo, de 43 anos, também sente o impacto da situação em seu trabalho ao longo da Praia do Posto 6. A comerciante, que confia em seu fornecedor de longa data, expressou sua preocupação com a segurança das bebidas: “Vou guardar todas as notas fiscais e evitar compras avulsas para me resguardar”. Em uma reação similar, donos de bares locais têm se manifestado de forma proativa nas redes sociais, assegurando aos clientes que suas bebidas são seguras e de fontes confiáveis.
Flávio Datz, proprietário da rede La Carioca Cevicheria, enfatizou a rigorosa verificação de seus fornecedores: “Temos as notas fiscais que identificam cada lote. Em momentos como esse, é crucial garantir ao consumidor que o que oferecemos é seguro”. Estabelecimentos como o bistrô Guimas e o Rio Scenarium também destacam a qualidade de seus produtos, com mensagens tranquilizadoras nas redes sociais.
Preocupações com a Procedência das Bebidas
No clima de cautela, o empresário Diego Morada, aos 43 anos, escolheu um bar de confiança para saborear sua caipirinha. Ele lamentou a insegurança que vem com a possibilidade de adquirir bebidas adulteradas. “É horrível a sensação de pedir uma bebida e saber que ela pode estar contaminada”, disse. Em uma abordagem diferente, Mateus Carpenedo, de 30 anos, decidiu evitar destilados e optar por cerveja ao assistir a uma partida de futebol. “Estou me afastando ainda mais dos destilados depois desses casos de contaminação. É complicado e triste o que está acontecendo”, explicou.
Por outro lado, a advogada Yasmin Mello, de 24 anos, que estava consumindo gim, mostrou-se menos alarmada, acreditando que os incidentes de contaminação estão restritos a São Paulo. “Não estou tão preocupada, porque foi em São Paulo. E, como eu não gosto de cerveja, não tenho muitas opções”, comentou. Para Daniel Ribeiro, gerente de um restaurante que serve drinques variados, os impactos nas vendas de destilados ainda não são tão evidentes, mas a precaução é uma constante: “Sempre compramos de parceiros confiáveis e evitamos fornecedores novos”.
Regulamentação e Fiscalização
Em resposta à situação, a Prefeitura do Rio decidiu regulamentar uma lei municipal de 2018, permitindo a fiscalização efetiva de fabricantes de bebidas alcoólicas na cidade. Até então, essa tarefa era exclusiva da União. Com isso, a administração municipal planeja apresentar um plano de trabalho para atuação junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), visando fiscalizar 67 fábricas de bebidas, sendo cinco delas produtoras de destilados. Um desses locais já está interditado, mas detalhes adicionais não foram divulgados.