Uma Jornada pelo Funk: Cultura, História e Expressão no Museu da Língua Portuguesa
Hoje, 15 de setembro, o Museu da Língua Portuguesa, localizado em São Paulo, abre suas portas para a aguardada exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”. Idealizada originalmente pelo Museu de Arte do Rio (MAR), onde esteve em cartaz por um período de um ano e meio, a mostra explora a rica influência do funk nas linguagens artísticas, na moda e na própria língua.
A exposição conta com um impressionante acervo de 473 itens, incluindo pinturas, fotografias e registros audiovisuais. A curadoria tem como objetivo ir além da sonoridade característica do funk, focando na sua origem urbana e periférica e nos impactos sociais, estéticos e políticos que este movimento cultural provocou ao longo dos anos. Os visitantes terão a oportunidade de conferir a mostra até agosto de 2026.
Renata Prado, curadora da exposição, ressalta que “essa é uma exposição para todos, sejam funkeiros ou não. Ela apresenta uma nova perspectiva do funk, mostrando-o como uma expressão cultural ampla e diversa. É uma chance de revelar as várias formas de arte que coexistem dentro desse movimento”. Renata é uma renomada pesquisadora da cultura funk e das relações étnico-raciais, e também fundadora da Frente Nacional de Mulheres no Funk.
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A proposta curatorial vai além do que se espera de uma exposição comum, buscando evidenciar a presença do funk em múltiplas práticas culturais, especialmente nas artes visuais contemporâneas. Neste sentido, o funk é apresentado como uma referência de visualidade e alteridade, expandindo os limites do que entendemos como arte.
Entre os artistas contemporâneos destacados na mostra estão nomes como Panmela Castro, Rafa Bqueer, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre e Rafa Black. A obra de Tiago Furtado, por exemplo, retrata a relação entre o rap e o funk, capturando a essência das comunidades paulistanas com a icônica paisagem urbana ao fundo. Já Markus CZA ilustra movimentos negros inseridos no contexto paulista em sua arte.
Markus CZA, em declaração sobre a iniciativa, afirma: “É muito significativo que instituições reconheçam e acolham a cultura funk. Esse espaço, por muito tempo, nos foi negado. Hoje, temos uma política cultural inclusiva que permite a ocupação de grandes museus com temáticas que abordam o funk”.
Em suas falas, Renata enfatiza a raiz periférica do funk, destacando que “o funk emerge de uma cultura juvenil que, durante muito tempo, ficou silenciada. Estamos falando de jovens que historicamente enfrentaram barreiras para se expressar, e agora estão ocupando museus através de sua arte”.
Um Olhar Sobre a História do Funk
A exposição não apenas celebra o presente do funk, mas também narra sua história desde os bailes black, que ganharam vida no Rio de Janeiro e em São Paulo no final dos anos 1960, inspirados pela rica herança da música negra, como o soul e a black music.
Eventos significativos, como o show de James Brown na festa Chic Show, realizada em novembro de 1978 no ginásio do Palmeiras, e que atraiu cerca de 22 mil pessoas, são referenciados em obras criadas especialmente para a mostra. As imagens de dançarinos, músicos e outros ícones que influenciaram o movimento também fazem parte do acervo, incluindo registros pessoais de artistas como Jair Rodrigues com os Originais do Samba, Nelson Triunfo, Gerson King Combo e Lady Zu.
Essa exposição se apresenta como uma oportunidade valiosa para que todos conheçam e respeitem o funk em sua totalidade, como um fenômeno cultural que reflete a luta e a expressão da juventude brasileira.

