MPF Investiga Colisão em Arraial do Cabo
O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação para apurar a colisão entre uma embarcação de turismo da empresa Azimute Tour e uma baleia em Arraial do Cabo. O incidente ocorreu no último sábado (6) e chegou ao conhecimento do MPF através de uma representação acompanhada de um vídeo que documenta o atropelamento. O Procurador da República de São Pedro da Aldeia, Leandro Mitidieri, requisitou ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informações sobre possíveis autuações referentes ao caso, estabelecendo um prazo de 30 dias para uma resposta formal.
A colisão aconteceu na área conhecida como Boqueirão, nas proximidades da Praia dos Anjos. Os vídeos gravados por passageiros de outra embarcação ilustram o momento em que o barco da Azimute Tour colide com a baleia, gerando indignação não apenas entre os presentes, mas também em órgãos dedicados à proteção dos animais. O site da Agência de Notícia de Direitos Animais (ANDA) relatou que o proprietário da embarcação “atropelou a baleia intencionalmente”, o que intensificou a preocupação com a preservação da vida marinha.
Vale ressaltar que, um dia antes do trágico evento, o ICMBio havia emitido um comunicado alertando sobre a presença de um exemplar de baleia jubarte na região, entre o continente e a Ilha do Farol, na área da Enseada do Maramutá, que está próxima ao local do acidente. O animal, que apresentava entre 10 e 13 metros de comprimento, estava visivelmente debilitado, com um comportamento letárgico, dificuldades respiratórias, infestação por cracas e piolhos, além de cicatrizes de mordidas de tubarão charuto. Apesar dessa observação, ainda não há confirmação de que a baleia atingida seja a mesma avistada anteriormente.
Estatísticas e Regras de Proteção das Baleias
Biólogos indicam que o aparecimento de baleias nessa época do ano em Arraial do Cabo é comum, devido ao período de reprodução das espécies. Para proteger esses animais, uma portaria federal limita a velocidade das embarcações a cinco nós, o equivalente a cerca de 10 km/h, e estabelece uma distância mínima de 100 metros entre as embarcações e as baleias. No entanto, o Procurador Leandro Mitidieri sugere que sejam implementadas novas medidas para reorganizar o turismo náutico de base comunitária, a fim de restringir o número de embarcações nas áreas onde esses mamíferos marinhos são frequentemente avistados.
Atualmente, Arraial do Cabo conta com 255 autorizações para exploração do turismo náutico na região. Entretanto, Mitidieri afirmou que, apesar de um pedido para suspender a emissão de novas licenças de operação, recentes autorizações foram concedidas a agentes políticos, desafiando a estrutura de gestão do espaço marinho local que vinha sendo desenvolvida.
O desfecho dessa investigação poderá resultar em novas regulamentações e restrições que visem não apenas proteger a vida marinha, mas também garantir a segurança dos turistas. Afinal, a preservação ambiental é uma responsabilidade compartilhada entre autoridades, empresários do turismo e a população local.